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quarta-feira, 24 de junho de 2009

transtorno da sociedade...

A menos de 1 mês, devido ao tratamento de meu filho Eros, conheci um bairro chamado Tijuca, nos primeiros dias só via as coisas bonitas, mas na 2º semana olhei com mais atenção e percebi algo que é impossível deixar passar, como existem crianças, adolescentes e idosos jogados na rua, literalmente falando.
Moro num município conhecido como pobre e jogado que é Nova Iguaçu, realmente existem muitos pobres, mas não jogados.
Não consigo esquecer esta cena, já tentei várias vezes, mas não consegui. Uma criança deitada no chão com os braços abertos, como Jesus Cristo na cruz, um Senhor ao lado com a mesma posição, só que de pé, orando na frente da Igreja Santo Afonso ( com certeza clamando a Deus por sua vida), eu estava passando com Eros e parei, porque o menino parecia que estava morto, cheguei perto para olhar o movimento da barriga (coisa que mãe faz quando os filhos dormem, creio que nao sou a única), mas a do menino não mechia, fiquei um tanto assustada porque as pessoas passavam ao lado e nem sequer se davam conta do que ocorria, pensei será que sou a única que esta vendo esse menino morto?, mas o mais chocante foi o Senhor, que ao acabar sua oração e diga-se de passagem belíssima "devoção" a Deus, se virou, olhou para o menino e disse - Que nojo! torceu o nariz e saiu. Olhei para um lado e para o outro, cheguei até um rapaz na frente da igreja e disse: - Senhor, aquele menino está morto. ele me respondeu - Não Senhora ele esta dormindo, a droga faz parecer que está morto. Pode ir , nao pare muito perto eles costumam ser violentos.
Só consegui responder um Ah tá abobado, olhei para o meu filho que nao estava entendendo nada e seguir para o metro. Depois de um tempo ja em casa fiquei remoendo aquela cena e o que o Velho disse, e percebi que as pessoas realmente nao veem o que esta acontecendo com os outros a menos que seja uma fofoca ou que venha de alguem interessante, aquele menino que nao devia passar dos 10 anos de idade, era algo como um Nojo ou talvez Violento e nao uma criança que nao tem ninguem. Apesar disso ainda vejo muitas coisas bonitas na Tijuca e claro continuo por lá, mas sempre que vejo a igreja de Santo Afonso lembro daquele menino e do Senhor e tento mudar mais e mais o meu ponto de vista, será que existe uma resposta para esse Transtorno da sociedade, será ?

Eu, Kali e Eros...


Poxa, começar esse blog levou tempo hein, tava até me sentindo uma iniciante na informatica, apanhei pra encontrar o lugar certo, mas cheguei.
Quero dividir com meus amigos e demais pessoas da net minha trajetoria rumo ao desconhecido mundo do Autismo, imaginei este blog a um ano, quando descobri, quero dizer, quando uma médica informou o que era aquele isolamento do Eros.
Alias antes de tudo... meu nome é Emanoele Freitas, meus amigos me chamam de Nelly, tenho 30 anos, e dois filhos, Ohanna Kali e Eros Micael. olá mundo.
Desde Junho de 2008 minha vida teve um novo começo, de primeira mão veio o medo, porque durante tres anos achei que meu filho era surdo e procurei médicos e escolas para essa finalidade, mas qual não foi a minha surpresa ao receber o diagnóstico de algo que eu nunca imaginei ocorrer na minha vida, porque ocorre isso, oque fiz para que isso acontecesse com meu filho? foram tantas perguntas e me concedi um dia, somente um dia para chorar, pois no dia seguinte meu dever era: buscar respostas e quem pudesse me ajudar, e sabem porque? eu nao aceitei, nem aceito, me dizerem que meu filho iria ser daquele jeito para sempre, NAO, e essa realidade tinha que estar explicita primeiramente na minha mente.
Meu filho nao falava nem uma palavra ate eu receber esse laudo, eu evangélica creio no poder da oração, e foi exatamente o que fiz, usei a minha fé inteligente, busquei médicos especializados e o poder do médico dos médicos...DEUS. O primeiro médico, nao foi fácil de encontrar, mas pela internet, descobri sites que me ajudaram e me ajudam muito desde entao e passei a utilizar com Eros os métodos descritos, imprimir folhas e mais folhas sobre o assunto e como se relacionar com crianças em Espectro Autístico, fiz uma reunião em fámilia e entreguei para os mais próximos, fiz tipo esquema de guerra rsrs, expliquei como proceder, em um mês me sentia perita no assunto...ha ha ha, a realidade é bem diferente, leva tempo, nao é como no papel, demora.
O segundo Médico, meu DEUS amado, esse me deu a resposta imediata, duas semanas depois ouvi a voz do meu menino pela primeira vez, ele disse para a irmã - Me solta, larga, agora. Ambas tomamos um susto, estavamos na cozinha depois de mais um dia de trabalho intenso, fora o dia todo, cheguei para fazer algo para eles jantarem, Ohanna começou a agarrar o Eros, como faz todos os dias (ela é muito melosa com ele), e de repente do nada, ele gritou isso, olhei para traz assustada e sem acreditar, perguntei: - Ohanna foi você? e ela respondeu - Não mãe foi ele, ele falou, ele falou, e ai ela agarrou ele de novo e ficava repentindo: fala de novo irmão. e tudo o que eu queria naquele momento era ouvir a voz dele de novo. Fui para o meu quarto e agradeci a meu pai, meu DEUS, pois a resposta veio rápida, meu filho vai falar, ao contrário do que a primeira médica havia dito.